Uma idéia brilhante e Um ego inflado - o que esperar dessa combinação?
O tênue limite entre um ego que motiva e a soberba que bloqueia realizações.
Pedro era um diretor renomado, premiado e admirado por sua estética poética e visão disruptiva no audiovisual. Seu método de criação envolvia imersão emocional com os atores, valorizando o silêncio, a imagem e a reflexão. Defensor convicto das obras autorais, ele resistia às pressões comerciais do mercado – o que, ao mesmo tempo que lhe garantia prestígio, dificultava a viabilização de seus projetos em ambientes corporativos cada vez mais orientados a custo, retorno e prazo.
Em um momento de transformação na indústria, com margens apertadas e dependência crescente de patrocínio, Pedro desenvolveu uma série épica em parceria com um autor famoso. Acreditava tanto no poder artístico do projeto que ignorou as novas regras de governança da empresa, que exigiam pitch estruturado, análise técnica e viabilidade financeira.
Seu ego falava mais alto: não aceitou os conselhos do coach, recusou-se a mapear os perfis dos executivos que iriam avaliá-lo e apostou tudo em seu carisma e talento. Sua estratégia era simples – encantar.
Apresentação do projeto
Na reunião de apresentação, Pedro emocionou, mas não entregou o que os avaliadores precisavam: respostas concretas e números confiáveis. Diante de questionamentos técnicos, reagiu com irritação, transformando os debates em embates pessoais, com respostas agressivas aqueles que ele pouco se identificava. O clima azedou, culminando em um impasse.
A reunião termina de forma desastrosa, e, infelizmente, o projeto foi reprovado.
Pedro saiu da reunião criticando todos, menos a si mesmo, seu ego inflado o impossibilitava de enxergar seus erros.
Quando o talento se perde na vaidade e nos descuidos que todos podemos cometer
Os erros de Pedro não são exclusivos de gênios criativos. Quantas vezes já vimos líderes experientes falharem por confiar demais apenas na sua capacidade de comunicar? Ou profissionais brilhantes naufragarem em reuniões decisivas, não se prepararem tecnicamente ou levarem críticas para o lado pessoal?
O cotidiano empresarial está cheio de “Pedros” — pessoas que subestimam processos, ignoram contextos e acreditam que seu histórico/realizações basta para convencer. Mas hoje, mais do que nunca, ideias/projetos precisam ser negociados com inteligência emocional, dados confiáveis e capacidade de escuta ativa.
Como evitar esses erros em aprovações de projetos
Um ponto fundamental para mitigar o risco de insucesso é conhecer, previamente, o perfil dos avaliadores, pois cada um reage diferente as suas colocações e você precisa adaptar a sua forma de se comunicar. Entrar em uma reunião desconhecendo o perfil dos avaliadores é jogar com a sorte ou apostar no acaso. O custo pode ser muito alto, pois pode inviabilizar um sonho ou uma ótima ideia.
Veja, abaixo, os principais perfis e as sugestões em como se comunicar com eles:
Condutor:
Características: Objetivo, direto, orientado a resultados e decisões rápidas.
Como se preparar: Vá direto ao ponto, destaque prazos, metas e impacto mensurável.
Analítico:
Características: Cético, detalhista, valoriza dados e lógica.
Como se preparar: Leve números, projeções, premissas e esteja pronto para justificar cada ponto.
Influenciador:
Características: Comunicativo, entusiasta, valoriza histórias, visão e inspiração.
Como se preparar: Use analogias, conte a jornada do projeto, gere conexão emocional.
Cético:
Características: Provoca, desafia, testa limites e aponta riscos.
Como se preparar: Mostre que você pensou nos riscos. Antecipe objeções com naturalidade.
Facilitador:
Características: Preza pelo consenso, clima do grupo e equilíbrio.
Como se preparar: Mantenha o tom colaborativo, mostre abertura ao diálogo e flexibilidade.
Observador:
Características: Escuta mais do que fala, intervém pontualmente.
Como se preparar: Seja claro e coerente – essa pessoa pode trazer reflexões importantes depois.
Advogado do Diabo:
Características: Assume o papel de oposição proposital para testar a robustez das ideias.
Como se preparar: Esteja pronto para contradições fortes. Mantenha o controle emocional e defenda seus argumentos com lógica e serenidade.
Outro ponto importante é como reagir diante dos questionamentos, pois é fundamental lembrar que debate não é embate: Ser questionado não é um ataque pessoal. É parte do processo decisório. Aprenda a responder com equilíbrio, sem reagir de forma emocional. Emoções descontroladas fecham portas – e às vezes enterram ótimos projetos.
Encantar não basta : Conexão emocional é importante, mas, sozinha, não sustenta decisões. Portanto, apresente sua proposta com clareza técnica e visão estratégica.
Conclusão
A história de Pedro revela uma verdade incômoda, porém necessária: talento sem preparo é ruído e crença sem estratégia é risco.
Negociar é ouvir, se adaptar, se preparar. Grandes ideias necessitam de planejamento para serem viáveis, porque no mundo real, não basta encantar – é preciso convencer.
Reflexão: Quantas vezes você já foi o Pedro da reunião – e nem percebeu?
Meu querido irmãozinho, gostei muito do seu artigo. Ele é correto para retratar o enquadramento aos novos tempos.
Porém I, há o extremo disso bem cunhado na frase “quem cria algo irrealizável não é gênio, mas lunático. Porém II, metaforizando, se Deus dependesse de uma banca avaliando o o seu projeto o Universo não teria sido criado. Ou como disse um dos maiores publicitários do Brasil -e do mundo-, se a dupla de criação tivesse que seguir o rigor das pesquisas, hipocrisias politicamente corretas e outros fatores que vieram manietando a livre criação , os comerciais do primeiro sutiã e o tio Fanta não teriam ido ao ar.
Mas isso é papo para trocarmos num jantar, desprotegido de amarras e aberto ao livre pensamento e expressão de ideias 😘